Como o apetite por inovação transformou o cenário de risco empresarial
Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage no Brasil
Colocar a inteligência artificial em prática requer uma série de etapas. Primeiro: construir a infraestrutura para dar suporte à IA; segundo: treinar modelos; e terceiro: identificar casos de uso e implementar os modelos em processos de negócios reais. Depois vem a etapa que realmente importa: criar um ROI saudável a partir de investimentos em IA.
Mas para manter a competitividade nessa corrida rumo à inovação, as empresas precisam superar riscos como segurança cibernética, dívida tecnológica e custos descontrolados. Este é um páreo que conta com muitas empresas disputando para permanecer na liderança.
Na recente pesquisa “Innovation Race“, realizada com 1.500 CIOs e decisores de TI, pouco mais da metade dos CIOs e líderes seniores de TI (51%) relatam que gastam mais tempo e recursos em “combate a incêndios” — ou seja, manter as operações atuais em funcionamento em vez de inovar e trabalhar em projetos que irão crescer e melhorar o negócio. O mais impressionante deste estudo é que 98% afirmam que a infraestrutura de sua organização ainda precisa de melhorias para dar suporte ao gerenciamento de riscos e à inovação no futuro.
Quais são os riscos?
As ameaças cibernéticas surgiram como a maior preocupação, ainda mais agora que sabemos que elas não surgem apenas de criminosos. Um simples erro de configuração de um parceiro fornecedor é suficiente para causar um grande incidente. Mas o cenário de risco se estende muito além da segurança cibernética. Confira abaixo alguns pontos importantes de reflexão.
- Incompatibilidade de sistemas e ambientes. O problema mais comum é com sistemas mais antigos ou simplesmente incompatíveis que requer a integração de dados de diferentes fontes que são mantidos por departamentos separados.
- Dívida tecnológica. A infraestrutura necessária para implementar a IA é cara e, às vezes, escassa. A pesquisa Innovation Race aponta que 81% dos entrevistados preveem cargas de dados que ultrapassarão os data centers atuais de suas empresas.
- Aumento dos custos da nuvem. O choque do preço da nuvem se tornou tão generalizado e severo que os líderes estão repensando como usam a nuvem e se a nuvem pode fazer parte de uma abordagem híbrida que atenderá melhor às necessidades da empresa, ao mesmo tempo em que controla os custos.
- Custos de energia. A IA também está causando aumento nas contas de luz. A quantidade de energia necessária para a IA também pode ameaçar as metas de sustentabilidade de uma organização.
A esta lista, podemos adicionar:
- A escassez de talentos. Uma das melhores maneiras de sair dos ciclos de destruição de combate a incêndios é ter uma equipe ampla disponível para lidar com os desafios conforme eles surgem. Mas a escassez de talentos de TI é real e tem impactos imediatos, incluindo custos maiores do que o previsto.
- Dados e gerenciamento de dados. Treinar modelos de IA requer muitos dados. Algumas empresas sentem que não conseguem sequer sair dos portões de largada na corrida da inovação porque não possuem os dados necessários ou porque os dados que têm são “sujos”, o que significa que precisam ser reformatados e/ou limpos e verificados.
Esses riscos certamente parecem desencorajadores, mas, no mundo real, eles se combinam, entram em sinergia e jogam uns com os outros para criar um quadro ainda mais complexo. O resultado é muito tempo gasto em combate a incêndios e menos tempo aplicado à inovação e melhorias.
Estratégias para o sucesso
No mundo dos negócios não existe uma fórmula mágica para o sucesso, mas algumas estratégias ajudam a trilhar o melhor caminho. Confira abaixo alguns pilares para aumentar as chances de se posicionar melhor nessa corrida rumo à inovação.
- Entenda seu cenário de risco. O cenário de risco se estende muito além do crime cibernético ou mesmo da TI voltada para o cliente em geral. Perceba que você não pode se esconder dos riscos e que a melhor abordagem é vasculhar sua empresa em busca de vulnerabilidades com um olhar cético, garantindo que não haja surpresas.
- Avalie a prontidão da IA. É fácil deixar que o exagero e o pensamento positivo da IA ditem expectativas irrealistas sobre os cronogramas do uso dessa tecnologia. Novamente, o mantra deve ser: sem surpresas. Tenha clareza sobre a prontidão da IA e defina metas alcançáveis que reconheçam os limites e obstáculos específicos da sua empresa.
- Repense a infraestrutura. Incorpore metas de IA, avalie suas necessidades com base nas especificidades do seu negócio. Reconheça que soluções prontas para uso podem levar você apenas até certo ponto e busque as ferramentas e parceiros que podem ajudar a construir os sistemas certos.
- Avalie o uso e o custo da nuvem. Os crescentes custos da nuvem estão levando a atenção de muitas organizações para nuvens híbridas. Procure parceiros com custos favoráveis e transparência de custos.
- Reveja os custos de energia. A IA vem assombrando o cenário de sustentabilidade para muitas organizações, além de se tornar um custo significativo na implementação. Uma abordagem de infraestrutura híbrida com os parceiros certos como serviço pode reduzir o uso de energia, diminuir custos e possivelmente ajudar a reduzir os requisitos de espaço físico da sua empresa.
- Estabeleça um plano de recuperação cibernética. Estabeleça um plano robusto com resiliência em várias camadas, snapshots imutáveis e que não podem ser deletados e recuperação de dados ultrarrá Defina funções, hierarquias de comando e planos de comunicação para usar em caso de um incidente cibernético.
- Reforce a retenção de talentos. Se você tem pessoas bem qualificadas na sua empresa, elas valem ouro. Estabeleça comunicação aberta e outros processos para garantir que estejam felizes com suas funções, cargas de trabalho e trajetória de carreira.
Paulo de Godoy tem 20 anos de experiência no mercado de TI, com foco em vendas de soluções para empresas de armazenamento, segurança, integração e interconectividade. O executivo ocupou cargos de liderança em empresas de destaque no setor tecnológico, como Hitachi, IBM e NetApp. Paulo iniciou as atividades na Pure Storage como gerente de vendas em 2014, e em 2016 assumiu a gerência geral da companhia no Brasil.